Investidores anjos são empreendedores, consultores, banqueiros e executivos. Você já pensou em ser um?
Não, não fiquei louco de vez, nem convertemos nosso blog a nenhuma nova corrente religiosa. Caso eu estivesse escrevendo em inglês ou fazendo uma palestra sobre o tema na Califórnia, especificamente no Vale do Silício, o título não geraria dúvidas. Investidores anjos e seus upgrades, os super angels, têm cada vez mais se destacado e catalisado o ambiente de startups de tecnologia nos Estados Unidos.
Mas não quero falar dos EUA, e sim do Brasil, da minha experiência recente e de um esforço em andamento para catalisar esse mercado de startups, empreendedorismo e capital de risco no nosso país. E mais: quero tirar de suas cabeças o mito de que investidores anjos e super anjos são termos limitados às 5 famílias mais favorecidas do Brasil e uns poucos grandes empresários que acabam de vender seus negócios por centenas de milhões de reais.
Talvez você seja um anjo e ainda não sabe…
Muito bem, o fato é que o mercado brasileiro está caminhando bem nos últimos anos, tendo conseguido navegar à margem da crise. A demografia da população brasileira deverá colaborar para que tenhamos pelo menos 10-20 anos de crescimento sustentável com a maior parte da população situada na parte da população ativa (um dos fatos importantes de crescimento dos EUA e Europa nas décadas anteriores). Além disso, o mercado de private equity se destacou nos últimos anos com exemplos de GP Investimentos e Advent, ou ainda mais nas mãos de líderes visionários, como foi o caso e jornada da Brahma a Budweiser, ou a formação da gigante de consumo brasileira Hypermarcas originária de um family office, resultado da venda da Arisco.
Mas e o venture capital e as startups de tecnologia? Pois bem, atribua-se ao custo Brasil, ao custo de oportunidade em outros investimentos, à onda de private equity nas consolidações e turnaround de empresas familiares, falta de empreendedores preparados, limitações de polos tecnológicos, entre outros, o fato é que o capital de risco no Brasil não vem buscando oportunidades e catalisando o mercado, da mesma maneira que se faz no Vale do Silício e tantas outras partes do mundo.
Como resultado, não vimos nos últimos anos muitos IPOs/M&As relevantes de tecnologia no Brasil, e as exceções como UOL, Buscapé, Positivo, TOTVS, entre outros, não nasceram dentro do espírito do capital de risco estruturado em venture capital, mas em empresas já estabelecidas.
Mas a pergunta é: será que isso vai mudar? Será que veremos um mercado estruturado de venture capital, investidores anjos e super anjos no Brasil? A resposta é “sim” e, no fundo, já está acontecendo lentamente, mas acredito que ganhando fortes adeptos e navegando a favor da corrente. As taxas de juros devem caminhar para os níveis globais, baixando o custo de oportunidade. O mercado tem formado levas de novos talentos e alguns pioneiros vem contribuído há alguns anos para começar a estruturar esse mercado. Isso sem contar que existe dinheiro disponível (FINEP, por exemplo), mas o mais difícil tem sido realmente o trabalho de garimpo das grandes oportunidades e dos grandes empreendedores. Para quem tem interesse sobre o tema, sugiro pesquisar e conhecer mais sobre a Endeavor ou os vários players de venture capital estabelecidos no Brasil como a Stratus, Monashees, Astella, Confrapar, entre outros.
O mais interessante é que, para participar desse mundo, você não precisa ter R$ 100 milhões no banco ou um sobrenome de magnata. Hoje, inúmeros investidores anjos são consultores, banqueiros, executivos, como você e eu, que, após o sucesso na sua primeira etapa da vida profissional, buscam novos desafios, interesses, diversões intelectuais e se predispõem a colocar 50 mil, 100 mil ou 200 mil em negócios em formação, além de fazer o papel de mentor e conselheiro, buscando o sucesso dos empreendedores, suas empresas e seus investimentos. Agora, se você quiser o título de super anjo, as cifras aumentam para 500mil a 1 milhão, além de sua “expertise” e network no mercado aportar alguma visibilidade maior para o empreendimento.
O fato é que, ao longo dos últimos anos, venho descobrindo esse mundo, primeiro por investimentos através de fundos de private equity e venture capital, profissionalmente tendo liderado inúmeras startups ligadas a tecnologia, voluntariamente através do trabalho como mentor na Endeavor e mais recentemente colaborando na formação de um “clube de anjos”, no qual estamos dando nossos primeiros passos aqui no Brasil. Ao longo desse processo, foram me qualificando como um “anjo em potencial”.
Parece que você também pode ser um anjo ou super anjo e ainda não sabia. Pois bem, agora você já sabe…
André Bianchi Monte-Raso é especialista em estratégia, start-ups e desenvolvimento de negócio, consultor de grandes grupos de mídia, tecnologia e Telecom.
Fonte : Endeavor Brasil