São eles:
1 - Foco preventivo prioritário
Em primeiro lugar, a abordagem de uma causa deve ter foco na busca de soluções e, por isso, o modelo de gestão programático precisa ser preventivo. A centralização de esforços na realização de atividades assistencialistas dificilmente agirá para solucionar o problema primeiro da causa. Mesmo quando a causa é o combate à fome, como propagado pelo Fome Zero, estratégias preventivas e promotoras de oportunidades, como de saúde alimentar e de cultivo sustentável, devem ser realizadas, a fim de minimizar a dependência de doações dos segmentos beneficiados.
Ações emergenciais de assistência sempre serão necessárias para resgatar indivíduos de condições sub-humanas para níveis mínimos de acesso a bens alimentícios, de saúde e moradia. Porém, os objetivos de toda e qualquer causa social, independente dos temas à que esteja relacionada, deve buscar a transformação intelectual e social do indivíduo, pela adoção de novas idéias, atitudes e práticas para a re-inserção pró-ativa e produtiva, à vida em sociedade.
2 - Não é tema
Muitas vezes, gestores sociais, quando perguntados sobre a causa defendida pela organização de origem, respondem: Educação, Meio-Ambiente, Direitos Humanos, Saúde e por aí vai. Estes exemplos representam temas que podem, individual ou conjuntamente, abarcar causas distintas. Por exemplo, o tema Educação engloba causas como a leitura para crianças e adolescentes, a alfabetização de adultos, o fomento de esportes em escolas e várias outras. O Meio-Ambiente pode trabalhar causas como a coleta e reciclagem de lixo em comunidades, o plantio orgânico de alimentos, a economia de água, etc.
As possibilidades são inúmeras. No mais, lembre-se que a definição de causas precisa estar corretamente embasada em intensas coleta e análise de dados e correta definição do problema central, pois são estas atividades que darão origem a uma causa social que represente, de fato, cada organização. Seja dos Setores Governamental, Privado ou da Sociedade Civil. Temas são muito amplos. É a causa que, bem definida, fomenta a gestão social estratégica e atesta a qualidade do planejamento programático, desde o princípio.
3 - Vinculação com políticas públicas
Igualmente importante às duas condições citadas acima é a vinculação da causa às políticas públicas e sociais já existentes, em âmbito regional e nacional. Exemplos positivos são as políticas públicas para a Criança e o Adolescente, em especial o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que vêm facilitando a obtenção de impacto social dos projetos, programas e Tecnologias Sociais criadas para este segmento, e o recente Estatuto do Idoso, que impôs um novo padrão de direitos e garantias à Terceira Idade. Esta vinculação também potencializa as chances de realização de parcerias, alianças e formação de redes sociais entre os três setores, em prol da defesa e promoção de causas, e a partir de Tecnologias Sociais diversas.
A despeito dos três fatores citados para a gestão eficaz de causas, não há dúvida de que o melhor seria não haver tantas delas a serem defendidas. E o único caminho para tanto é o alcance de maiores condições de equidade, ou seja, mais distribuição de renda, trabalho e acesso a bens essenciais de educação, saúde, lazer e cul
* Coordenador de Alianças Público-Privadas da John Snow Brasil, consultor e especialista em Estratégias de Comunicação, Mobilização e Marketing Social pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília
